CLIPPING DE 02/06/2013

UVA prepara semana especial em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente:
 Eventos, que estimulam a reflexão e um maior contato com a natureza, serão abertos à comunidade
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, desde a década de 70, terá uma programação especial na Universidade Veiga de Almeida (UVA). Os campi de Cabo Frio e Tijuca preparam debates, caminhada ecológica para observação de aves e cursos para alunos e comunidade externa. No campus Tijuca, o evento será entre os dias 27 e 29 de maio. Já em Cabo Frio, as atividades acontecerão entre os dias 5 e 16 de junho.
Os eventos têm como objetivo despertar a comunidade acadêmica e convidados a uma reflexão sobre o relacionamento e a responsabilidade individual e coletiva com o meio ambiente. “O que importa é conscientizarmos o maior número de pessoas possíveis no que diz respeito a educação ambiental. Nossa proposta é que as pessoas que saírem do evento da Semana do Meio Ambiente se conscientizem e propaguem as informações que receberam, contagiando mais pessoas para uma educação ambiental”, aposta a professora Vera Aguarez, coordenadora do curso de Biologia do campus Tijuca.
Na Tijuca, os debates estão sendo organizados com a participação da Assessoria Comunitária, em parceria com os cursos de Biologia e Administração. E a Semana já começa com um debate acalorado sobre certificação verde para construções sustentáveis e a aprovação do Código Ambiental do Rio de Janeiro, com a presença da deputada Aspásia Camargo.
Já no dia 28, os debates giram em torno da gestão das águas e das inovações tecnológicas e suas consequências ambientais. Após a palestra será sorteada uma CPU, 100% montada com materiais reciclados. O computador será montado pela empresa Coleta Digital. No dia 29, o gerente Nacional de marketing da L’Ocittane, Luciano Martins, vai falar sobre a biodiversidade brasileira como produto de exportação.
Além dos debates, durante um mês será instalado um container para que toda a comunidade interna e externa à universidade dispense seu lixo eletrônico. A coleta de lixo, realizada pela empresa Coleta Digital, será realizada entre os dias 27 de maio a 28 de junho, nos pilotis do Bloco C.
Cabo Frio
As atividades no Campus de Cabo Frio, que acontecem entre 5 e 16 de junho, serão organizadas pelos cursos de Educação Física, Engenharia e Gestão Ambiental. No roteiro estão palestras, caminhada ecológica para observação de aves, curso sobre cetáceos e um festival de esportes náuticos fazem parte das atividades.
“Mais do que comemorar a data, precisamos fazer uma reflexão sobre os rumos do planeta para as futuras gerações. É necessário criar um novo modelo de desenvolvimento, alicerçado no consumo consciente”, ressalta o coordenador dos cursos da área ambiental, professor Eduardo Pimenta. A diversidade e importância da avifauna do Estado e o Plano de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos serão apresentados por meio de palestras, no dia 5, a partir das 18h30, no auditório da UVA.
Na manhã de sábado, dia 8, será realizada uma caminhada ecológica, de três quilômetros, para a observação de aves (Birdwatching) na restinga de Cabo Frio. A programação continua no domingo, com o Festival UVA de Esportes Náuticos, que será realizado na Praia das Palmeiras, com demonstração, aulas práticas e até uma regatinha para crianças. Na ocasião, a UVA se unirá ao movimento Lagoa Limpa para recolher o microlixo deixado às margens da Lagoa de Araruama. “É um evento para toda a família, com diversas atividades esportivas”, convida o coordenador de Educação Física, professor Alexandre Motta.
Em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisa de Cetáceos de Arraial do Cabo, a UVA promove, nos dias 15 e 16, o curso de extensão sobre “Biologia, Ecologia e Conservação de Baleias e Golfinhos na Costa da Região de Arraial do Cabo”. O curso terá aulas teóricas e práticas. O investimento é de R$ 60,00, inclusos certificado, apostila e coffe break. O evento é aberto a estudantes, a partir do nível médio e adulto.

CLIPPING DE 01/06/2013

Um mundo de soluções – superação, crítica e esperança:
Palestra do economista e banqueiro Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz, inaugura centro de negócios sociais na ESPM, pioneiro na América Latina.
Durante a palestra do lançamento do Yunus ESPM Social Business Centre, primeiro centro de negócios sociais da América Latina, o economista e Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, baseou seu discurso em três eixos: superação, crítica e esperança.
Enquanto as pessoas ocupavam os assentos do Auditório Philip Kotler, da ESPM-SP, na fria manhã de 27 de maio de 2013, um som familiar, porém exótico, as recepcionava, numa confluência inusitada de músicas do cancioneiro popular brasileiro com melodias típicas da Ásia Meridional, tocadas pelo músico Marcos Santuris em seu sitar.
Duas canções marcaram a introdução do evento: Asa Branca, de Luiz Gonzaga, e Romaria, de Renato Teixeira. Justamente por falaram de superação, elas serviram de preâmbulo para a fala de Yunus, que, brincalhão, iniciou-a abordando uma das maiores marcas brasileiras no exterior, o futebol: “Todo mundo conhece a bandeira brasileira por causa do futebol”.
O motivo de sua visita ao país foi o lançamento, em São Paulo, do Yunus ESPM Social Business Centre, que irá promover negócios sociais a partir do ensino e aprendizagem, com cursos de capacitação, de pesquisas e da incubação de empresas com esse viés. “Estive algumas vezes no Brasil, mas há uma razão especial desta vez. É uma honra muito grande ser nomeado neste centro”, disse, considerando que a iniciativa será uma referência para a região.
Em sua trajetória, o convidado esteve diversas vezes diante de desafios que precisou superar. Professor de economia em Bangladesh, a situação de miséria que encontrou em seu país foi o que o motivou a emprestar dinheiro às pessoas pobres, fato que ele, modestamente, colocou da seguinte maneira: “Não fui eu quem planejou. Fui forçado a entrar nessa situação”.
Uma de suas superações foi rever sua vida acadêmica. “O que eu ensinava era algo sem significado e não contribuía para a solução do problema das pessoas”, confessou. E foi convivendo com as pessoas que Yunus percebeu que elas não tinham como conseguir empréstimos que pudessem viabilizar as atividades econômicas de subsistência que mantinham, como o artesanato. “Comecei a perceber que o acesso a empréstimos não era uma questão apenas da vila onde eu estava, mas do país e do mundo”, disse, afirmando que, a partir do momento em que passou a emprestar dinheiro para as pessoas, transformou aquele contexto.
No início, foram 27 dólares para 42 mulheres (em média 65 centavos para cada uma). Hoje, o Grameen Bank, que Yunus criou em 1976 e do qual se afastou em 2011, possui 8 milhões de clientes investidores, a partir do microcrédito. “Se você colocar um indivíduo ao lado de outro e de outro, consegue juntar um grupo”, disse.
Yunus vê a criação do conceito de microcrédito por uma ótica específica: “Naquele momento, todo o país mudou e você passou a entrar em cada família. É uma ideia pequena, que vem do simples pensamento: ‘Eu posso fazer’”.
Em outro momento, um discurso crítico emergiu das palavras do convidado. Os focos eram o sistema econômico e os bancos. “Os sistemas bancários não chegam ao nível das pessoas. Um terço da população do mundo não tem acesso a eles”, criticou Yunus, que enxerga a pobreza como uma triste consequência do sistema. “A pobreza não é criada por pessoas pobres em si, mas pelo sistema que criamos. Pessoas pobres não são a causa, mas as vítimas da pobreza”, considerou. Sua crítica aos bancos foi essencialmente à forma como colocam dinheiro em circulação na economia: “Os bancos emprestam dinheiro para pessoas que não precisam dele”.
Ele também não poupou o egoísmo das pessoas que desejam recolher todo o lucro proveniente de uma atividade econômica. “Temos de ser altruístas também, ou seja, gente que vai fazer o bem aos outros. Minha instrução é não ser egoísta”, externou e criticou: “O dinheiro se torna o mestre de nossas vidas, quando deveria ser o meio. O sistema nos converteu em robôs e as pessoas se comportam como tais”.
Sua capacidade inventiva foi o que deu o tom de esperança à sua fala na ESPM-SP. “Todas as vezes que tenho de resolver o problema das pessoas, eu crio um negócio”, revelou o economista, mencionando que já criou mais de 60 empresas em Bangladesh, cada uma relacionada a um problema da sociedade.
Em sua definição, negócio social é uma empresa que não recolhe os dividendos (lucros) e serve para resolver problemas humanos. “Ele se expande sem dinheiro externo”, esclareceu. Para os que ainda se confundem, Yunus explicou a diferença entre caridade e negócio social: “Na caridade, o dinheiro sai e não volta. No ano seguinte, você precisa esforçar-se para tê-lo novamente. No negócio social, o dinheiro vai, faz o trabalho e volta”.
Segundo Yunus, não há segredo para se criar um negócio social. Basta unir as pessoas ao trabalho disponível e necessário para elas realizarem. “As pessoas estão ali, o trabalho está ali. É só unir um ao outro”, raciocinou. Sua esperança é reproduzir esse modelo cada vez mais: “Estamos chegando a outros países e levando os jovens a estudar. Cada indivíduo pode fazer um negócio social”.
Yunus finalizou sua palestra cheio de esperança: “Acredito que este centro que estamos criando poderá ajudar as pessoas a ter a ideia. Só precisamos de um fundo inicial e espero, muito feliz, que isso possa acontecer no Brasil. Nesse processo, podemos criar um mundo diferente, no qual não teremos problemas, mas soluções”.
Honra do mérito
Antes de iniciar sua palestra, Yunus recebeu a Medalha do Mérito Rodolfo Lima Martensen, das mãos de Armando Ferrentini, presidente do Conselho Deliberativo da ESPM. Trata-se da condecoração máxima concedida pela ESPM, que já laureou nomes ilustres, como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
No período da tarde, Yunus ministrou uma aula aberta ao público do curso de Certificação Internacional em Negócios Sociais, que será oferecido pelo Yunus ESPM Social Business Centre.
Crédito da foto: João Lebrão

CLIPPING DE 31/05/2013

Conheça o Bairro-Escola Rio Vermelho, em Salvador:
Saiba como uma iniciativa inovadora está transformando o Rio Vermelho num bairro educador e num modelo de desenvolvimento para a cidade de Salvador e para o Estado da Bahia.
No dia 6 de junho de 2013, sua empresa poderá conhecer essa iniciativa participando do Café da Manhã com o Bairro-Escola Rio Vermelho, promovido pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Associação de Empresários do Rio Vermelho, Associação de Moradores e Amigos do Rio Vermelho, Câmara Portuguesa de Comércio do Brasil-Bahia, Central das Entidades do Rio Vermelho, Cipó – Comunicação Interativa, Instituto Inspirare, Instituto Ethos e Teatro Sesi Rio Vermelho.
O encontro contará com a participação especial de Bernardo Gradin, presidente da GranBio, empresa de biocombustíveis e bioquímicos.
O Bairro-Escola Rio Vermelho é uma grande articulação comunitária que busca ampliar as oportunidades educativas para promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, bem como de todos aqueles que vivem, trabalham ou transitam pela região.
Sua proposta é transformar o bairro do Rio Vermelho em uma grande sala de aula, onde o aprendizado aconteça a toda hora, em todo lugar e com as mais diferentes pessoas. No Bairro-Escola Rio Vermelho, todos são educadores e aprendizes, partindo do princípio de que um bairro bem educado oferece mais qualidade de vida e cidadania para a população e melhores oportunidades de negócios para os empresários.
A iniciativa se inspira nos conceitos e práticas desenvolvidos pela organização Cidade-Escola Aprendiz, sediada no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. A experiência tornou-se referência internacional e tem sido disseminada para muitas cidades brasileiras, além de ter orientado o Programa Mais Educação do governo federal.
O Bairro-Escola começa no Rio Vermelho com a intenção de se expandir para toda a cidade de Salvador e para o Estado da Bahia, impactando decisivamente a qualidade da educação. O Rio Vermelho foi escolhido para o início do processo por conta da sua importância histórico-cultural, da sua geografia, do seu carisma e da sua diversidade.
SERVIÇO

O quê:
Café da Manhã com o Bairro-Escola Rio Vermelho;

Quando: 6 de junho de 2013, das 8h30 às 10h30;

Local: Hotel Pestana Bahia;

Endereço: Rua Fonte do Boi, 216 – Rio Vermelho, Salvador (BA);

Inscrições: Favor confirmar presença pelo link http://bairroescolarv.org.br/cafedamanha/ ou pelo telefone (71) 3503-4460.

CLIPPING DE 30/05/2013

Mudança na consciência empresarial leva tempo:
Em entrevista ao Valor Econômico, Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, fala sobre os 15 anos da instituição e seus atuais desafios.
O cartão de visitas de Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos, tem mais do que endereço e contatos. Traz, no verso, a missão da entidade que ele dirige: “Mobilizar, sensibilizar e ajudar empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa”. A meta, ambiciosa, pauta o trabalho que o Ethos começou a desenvolver há 15 anos, quando arregimentava empresas em torno da responsabilidade social corporativa, uma espécie de precursora da atual gestão sustentável dos negócios.
Engenheiro e empresário, Abrahão participa do trabalho do instituto desde o início, como conselheiro e fundador. Acredita que a consciência em relação ao impacto ambiental e social das empresas aumentou, mas “está muito aquém das necessidades”. Veja abaixo trechos da entrevista que ele concedeu sobre as perspectivas e projetos do Ethos que, aos 15 anos, entra em nova fase.
Valor: Em sua trajetória o Ethos mobilizou empresas em torno da responsabilidade social, apresentou e discutiu conceitos como sustentabilidade e trabalhou na disseminação deles. Qual será a direção agora, aos 15 anos?

Jorge Abrahão: O Ethos trouxe um tema até então inovador, que não existia no Brasil. Quando traz o tema, ele sensibiliza, mobiliza, toca os corações de alguma maneira. Isso é uma parte da missão. Logo em seguida vem outra parte, contribuir com a gestão socialmente responsável das empresas, que também era uma novidade. Aí o Ethos criou os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial, que naquele momento eram também uma grande novidade, uma forma de concretizar o que era responsabilidade social empresarial. Estava mostrando os caminhos. E aí tinha uma terceira etapa, que era a mais difícil: tornar as empresas parceiras da construção de uma sociedade justa e sustentável. Nesse processo todo, nós não esgotamos nem a primeira, nem a segunda etapas, e estamos agora avançando nessa terceira.
Valor: O que torna essa etapa a mais difícil?

Abrahão: Se você decide na empresa avançar numa política de responsabilidade social, atuar em questões do impacto da empresa no ambiente, no cuidado na relação com a comunidade e com o público interno, é uma decisão em que você avança. Quando você quer ver como a empresa pode contribuir para que São Paulo ou o Brasil seja melhor… aí muda. Acho que é esse o diálogo, e nós temos que colocar essa corresponsabilidade nos processos. Os desafios são de tal magnitude – mudança climática, aquecimento global, biodiversidade, resíduos, temas ligados a essa área – e as empresas têm um baita de um impacto. Quando a gente pensa no desafio social, redução de pobreza, combate à desigualdade, e quando a gente pensa no desafio da integridade… isso é muito grande. Nós só podemos fazer isso dialogando com outros atores. Não vai ser só o governo que vai resolver isso, não vão ser só as empresas e não vai ser só sociedade civil.
Valor: Como essa participação pode ser estimulada?

Abrahão: Um dos desafios é efetivamente mobilizar mais. Como? Respeitando as diferentes formas de engajamento que as empresas têm. Queremos integrar empresas que não entraram ainda no Ethos, expandir no sentido de que são empresas que preenchem indicadores, fazem relatórios. Queremos duplicar em cinco anos o número de empresas engajadas nesses diferentes processos.
Valor: No patamar avançado, das empresas que realmente se pautam pela sustentabilidade, já existe um grupo formado?

Abrahão: Não, nós queremos ter nele 30 empresas de dez diferentes setores, que possam demonstrar como estão considerando a sustentabilidade no planejamento de uma forma transversal.
Valor: Nos últimos anos, outras entidades e associações que advogam a sustentabilidade ganharam força e adesão de empresas. Como vocês pensam na articulação com elas?

Abrahão: A gente percebe um valor enorme nas entidades, mas a agenda fica bastante ligada àquela questão do imediatismo mais vinculado à atuação dessas entidades. O valor do Ethos é que ele está no meio desse processo. Nós temos uma entidade que tem as empresas como sua base, mas que considera fortemente o interesse público em suas ações. Como é que a gente combina o interesse privado com o interesse público? É diferente de se caminhar numa defesa específica de um determinado setor. Quando a gente trabalha com resíduos, a gente convida todas as entidades, vê qual é a agenda comum, chama os governos, aí o governo vem com outro olhar… O desafio é trabalhar com as empresas, mas não para as empresas.
Valor: Olhando para trás nesses 15 anos, o que avançou e o que ficou para futuro?

Abrahão: Avançou uma grande consciência, eu acho que é esse o primeiro ponto. Essa consciência gerou uma mudança de comportamento nas empresas que estão com visão de longo prazo, porque essa consciência aponta para o futuro, não para o que está acontecendo agora. Essa consciência mudou na dimensão e na proporção colocadas? Não, não mudou, está muito aquém das necessidades. A gente precisa ter consciência de que somente as ações individuais não vão fazer as transformações. A atuação da empresa individualmente é fundamental. Mas estar com outras empresas, articular com a sociedade civil, construir políticas públicas para universalizar processos é o que vai dar grande velocidade ao processo.
Valor: Houve um momento em que algumas grandes empresas queriam ter um papel estratégico em relação às mudanças climáticas, fazer o que os governos não estavam conseguindo. O que limita essas ações?

Abrahão: Acho que este é um processo. No fundo, a lógica do negócio não mudou. Essas questões de mudanças de práticas empresariais, construção de políticas públicas, contribuem muito no processo, são importantes, mas a gente tem uma mudança de valores, de cultura empresarial. Enquanto os líderes das empresas – e aí não é só culpa dos líderes, é o investidor, o acionista – cobrarem resultados de curto prazo, enquanto a lógica for essa, e os CEOs tentando malucamente responder a essas demandas, aí os critérios de tomada de decisão não vão estar considerando as questões-chave do desenvolvimento sustentável.
Valor: Essa questão do prazo de retorno de investimentos já é discutida há algum tempo e o mercado continua focado em rapidez. De que forma é possível introduzir uma mudança?

Abrahão: Acho que a gente tem que trabalhar os valores de uma maneira geral e isso é longo prazo. Como a gente forma as novas lideranças? Como a gente muda a visão dos acionistas? Como a gente muda a visão do consumidor? Outra questão central é a regulação, que pode contribuir muito. Agora, a regulação tem que ser construída conjuntamente. A impressão que dá é que não aprendemos com a crise de 2008. Quando se olha para uma crise como a de 2008, qual é o aprendizado para que isso não se repita? Ali seguramente tinha alguma coisa ligada à regulação. É difícil pensar numa autorregulação do sistema. Essa regulação negociada é que eu acho que é chave. Como é que a gente dá velocidade? Nós não aprendemos com o passado? Nós não estamos conscientes do que está acontecendo? Estamos, só que a gente está com um dilema: está sendo anunciado que vai acontecer alguma coisa daqui a 30 anos, daqui a 40 anos, daqui a 20 anos, e hoje a gente continua raciocinando com a ideia limitada do ganho possível. Acho que tem empresas que estão avançando nisso. Tem umas que estão com a visão dos 20 anos, 10 anos, e estão atuando. Mas a grande maioria ainda não está e o nosso trabalho é, através desses diferentes graus de questões, trabalhar internamente, trabalhar valores, a regulação, porque o último ponto lá da grande consciência é a catástrofe. Eu uma vez estava numa discussão com o Leonardo Boff, sabe? E olhando para ele, aquela figura simpática que ele é, eu pensava assim: “De onde é que ele tira a força, a vitalidade, para esse processo?”. Aí falava ele assim: “Olha, tem duas maneiras. Uma delas, que é provada, é a catástrofe, a catástrofe vai nos fazer ter uma consciência, porque não vai ter outra saída. A outra é nós continuarmos tentando avançar na radicalidade possível”. O que eu acho que o Ethos tenta fazer é atuar na radicalidade possível.
Valor: O senhor acha que, com o crescimento das mídias sociais, a exposição de impactos causados por empresas ganhou uma condição que as pressiona a mudar? A vitrine ficou mais frágil?

Abrahão: Eu não tenho dúvida. Isso tem muito a ver com a consciência do intangível das empresas. A gente está falando de empresas que estão cada vez mais preocupadas com o intangível, com a imagem, com a reputação etc. Então eu acho que a mídia, esse espalhamento das informações, contribui muito para que as empresas de uma maneira geral percebam que elas têm que ter um comportamento, que elas têm que fazer o que elas estão falando, porque do contrário elas vão ser fortemente cobradas sobre isso. O Instituto Akatu soltou uma pesquisa recentemente que coloca que a credibilidade nas empresas vem caindo, sob o ponto de vista do “Você acredita no que elas falam?”. Ajuda muito essa coisa da informação, as empresas preocupadas com a sua reputação, com sua imagem, e isso é mobilizador de transformações sim. E daí a gente verifica que cada vez menos as empresas têm chances de fingir que estão fazendo.
Valor: A prestação de contas à sociedade, a publicação de relatórios sociais, também parece estacionada, apesar de as empresas estarem hoje muito expostas…

Abrahão: A proporção do envolvimento das empresas ainda está aquém, pelo que temos visto, de uma demanda da sociedade, de uma maneira geral, da agenda. Agora a proporção do envolvimento da sociedade, dos cidadãos, está muito aquém. Então a proporção da ação dos governos também está aquém, mas a mídia também está. É por isso que eu valorizo tanto o Ethos, essa questão do trabalho com esses atores como um todo. É esse movimento que vai fazer a coisa avançar. Não vão ser só as empresas. Elas têm um papel-chave, mas, se a gente conseguir combinar essas ações, acho que é a maior chance que a gente tem.
Valor: O que seria hoje, na visão do Ethos, uma empresa socialmente responsável ou orientada pela sustentabilidade?

Abrahão: Seria a empresa que, quando vai discutir o seu planejamento, na verdade, coloca a sustentabilidade no centro das suas decisões. Que os investimentos que ela vá fazer, que os processos de inovação, que as tomadas de decisão tenham a pergunta: qual vai ser o impacto disso nas questões sociais, ambientais, e os riscos de integridade de qualquer ação que eu vá tomar? É diferente de falar “Eu vou ter um departamento de sustentabilidade, e ele vai dar conta das minhas questões”.
Valor: Nessa perspectiva, qual é a maior carência das empresas brasileiras em relação ao que seria idealmente uma empresa sustentável? O que mais faz falta?

Abrahão: Acho que a gente está no mesmo patamar das empresas que estão avançando fora do Brasil. Não estamos devendo muito nesse sentido. O problema é o de sempre. As empresas estão pontualmente em uma determinada agenda, não existe uma integração com as demais agendas da sustentabilidade, isso não é tratado no core do negócio, é tratado dentro de uma agenda que muitas vezes é mais para superar um momento específico. Vamos olhar minimamente para a frente. Nós temos oportunidades de negócio sendo construídas nessas áreas. A gente está tendo uma uniformidade de uma agenda global, clareza dos temas, muito ligados à produção e consumo, aos limites do planeta, pobreza e desigualdade. Daí vão sair os temas do desenvolvimento sustentável. Vão ser dez grandes objetivos do desenvolvimento sustentável. Isso vai ser um norte para os governos, para as empresas e para a sociedade. Eu acho que o Brasil, nesse sentido, tem uma oportunidade superimportante, porque pode ser uma das lideranças desse desenvolvimento sustentável, pelas características que tem, e podemos trabalhar a ideia de o produto brasileiro ser um produto sustentável. A gente constrói uma agenda para o Brasil.
Por Celia Rosemblum, para o Valor Econômico
Texto publicado originalmente na edição de 27/5/2013 do jornal Valor Econômico.

CLIPPING DE 29/05/2013

Métodos para integrar a responsabilidade social na gestão:
Uma questão tão complexa como a RSE só pode ser suficientemente inserida em uma organização por meio de várias ferramentas de gerenciamento.
Por Jorge Emanuel Reis Cajazeira e José Carlos Barbieri*
Raro é o dia em que problemas socioambientais não estão estampados nas primeiras páginas dos jornais nem constituem as chamadas para os noticiários televisados. Cada vez mais as pessoas em todo mundo começam a se inteirar dos graves problemas que afetam o planeta e que colocam em perigo a sua sobrevivência. A escalada dos problemas socioambientais na era da informação alimenta os movimentos pelo desenvolvimento sustentável e pela responsabilidade social das empresas, ambos de caráter global e que crescem a cada dia. Por isso, organizações de todo o tipo buscam a implantação de modelos que facilitem a efetiva aplicação de práticas socioambientais em linha com a estratégia do negócio.
Para que os comprometimentos feitos no nível estratégico se tornem efetivos, diversos instrumentos gerenciais foram elaborados. O quadro abaixo apresenta uma lista desses instrumentos, todos eles relacionados à busca da responsabilidade social sob a ótica da sustentabilidade. Tais ferramentas são compatíveis com as várias instâncias da gestão empresarial convencional e se aplicam individualmente a cada uma das dimensões da sustentabilidade: a social, a econômica e a ambiental. Muitas vezes, a diversidade de instrumentos existentes acaba se tornando um problema de escolha nem um pouco trivial. Uma questão tão complexa como a responsabilidade social empresarial, que envolve assuntos tão diversos e com inúmeras interações entre eles, só pode ser suficientemente inserida em uma organização por meio de várias ferramentas de gerenciamento.



Fonte: Baseado
em Barbieri e Cajazeira (2012)1.
 Aí surge um grave problema: como fazer com que esses modelos interajam sem conflitar com os modelos já existentes e consolidados?
De fato, sistemas certificados requerem auditorias periódicas de avaliação e, muitas vezes, essas auditorias se sobrepõem quando os sistemas não estão integrados, de modo que algumas áreas críticas, como operações e divisão comercial, são auditadas de duas a três vezes por semestre, para cobrir os requisitos da ISO 9001, da ISO 14001, da OHSAS 18001 e da SA 8000. Além do gasto com homem-hora e dedicação, as auditorias aumentam o clima de tensão entre as áreas, o que torna ainda mais premente a necessidade de integração entre os diversos sistemas implantados. Para superar as dificuldades decorrentes de dois ou mais sistemas de gestão, foram criados diversos instrumentos de integração de sistemas, a seguir resumidos.
O Projeto Sigma (do inglês Sustainability – Integrated Guidelines for Management, sem dúvida um título forçado para gerar a palavra “sigma”, letra grega que na sua forma maiúscula é o símbolo de somatório em matemática) foi proposto em 1999 pela AccountAbility, em conjunto com o British Standards Institution (BSI), o órgão britânico de normalização, e o Forum for the Future, uma ONG inglesa dedicada a estudos sobre sustentabilidade. A partir de uma abordagem baseada no ciclo PDCA, o Projeto Sigma sugere que a integração ocorra de acordo com a seguinte sequência de fases:
Liderança e visão → Planejamento → Entrega → Monitoramento, análise crítica e relato.
No âmbito da ISO foi criado um grupo especialmente designado para estudar a integração de sistemas desde o ano de 1998, o Joint Task Group (JTG). Os estudos desse grupo geraram dois documentos nucleares:
  • Guia ISO 832. Criado com a concordância de todos os presidentes de comitês e subcomitês que produzem normas gerenciais no âmbito da ISO, é um guia para integração de sistemas gerenciais. Baseia-se na ideia de que os sistemas gerenciais separados possuem requisitos comuns, de modo que eles podem ser integrados.
  • Guia ISO 723. Fornece orientação para desenvolvimento e compatibilização para sistemas genéricos de gerenciamento, abrangendo qualidade, meio ambiente, saúde, segurança e aspectos sociais.
Em ambos os documentos encontra-se a definição de “compatibilidade”, muito útil para o entendimento dos processos de integração de sistemas de gestão. É a seguinte: “Compatibilidade é a adequação de normas similares para uso conjunto sob uma condição específica, visando preencher requisitos relacionados sem causar interações inaceitáveis”. Isso significa que elementos comuns dos sistemas podem ser implantados pela organização de maneira compartilhada, como um todo, ou em parte, sem duplicação ou imposição de requisitos conflitantes.
Além desses documentos, o guia PAS 99, publicado pela BSI, especifica requisitos comuns para sistemas da gestão como um padrão para integração. Ele foi inspirado nas normas Guia ISO 72 e Guia ISO 83. A figura a seguir mostra esquematicamente como o PAS 99 promove essa integração. Na figura, exemplos de requisitos específicos são as regulamentações da OIT, para o sistema de gestão da saúde e segurança no trabalho, e o Código de Defesa do Consumidor, para o da qualidade.

Fonte: Adaptado de BSI, 20064
 Há também o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), concebido pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Esse modelo está alicerçado sobre um conjunto denominado “Fundamentos da Excelência”, o qual expressa conceitos fundamentais reconhecidos internacionalmente, que se traduzem em processos gerenciais ou fatores de desempenho encontrados em organizações de classe mundial. Esses fundamentos, nos quais se baseiam os “Critérios de Excelência” da FNQ, são:
1. Pensamento sistêmico;

2. Aprendizado organizacional;

3. Cultura de inovação;

4. Liderança e constância de propósitos;

5. Orientação por processos e informações;

6. Visão de futuro;

7. Geração de valor;

8. Valorização das pessoas;

9. Conhecimento sobre o cliente e o mercado;

10. Desenvolvimento de parcerias; e

11. Responsabilidade social.
Baseando-se nesses fundamentos, o MEG adotou os seguintes critérios:
1 Liderança;

2 Estratégias e Planos;

3 Clientes;

4 Sociedade;

5 Informações e Conhecimento;

6 Pessoas;

7 Processos; e

8 Resultados.
No MEG, os “Fundamentos da Excelência” são expressos em características tangíveis e mensuráveis quantitativa ou qualitativamente, por meio de requisitos presentes em questões formuladas e em solicitações de informações específicas. Essas, por sua vez, são agrupadas em itens em cada um dos oito critérios acima.
O modelo é representado pela figura mostrada abaixo, permitindo ao administrador obter uma visão sistêmica da gestão organizacional.


 A figura que representa o MEG simboliza a organização, considerada um sistema orgânico e adaptável, que interage com o ambiente externo. Sugere que os elementos do modelo, imersos num ambiente de informação e conhecimento, relacionam-se de forma harmônica e integrada, voltando-se para a geração de resultados.
É preciso reconhecer que existe uma questão de complexidade organizacional envolvendo o dimensionamento de recursos na implantação de sistemas gerenciais normativos com foco na sustentabilidade e sua integração à estratégia. Mas, de uma maneira geral, os sistemas de gestão facilitam a obtenção de disciplina gerencial por meio de processos estruturados.
Além disso, a padronização de práticas permitidas pela implantação desses sistemas permite a uniformidade das decisões nas diversas unidades da empresa. Essa uniformidade protege a organização contra possíveis penalidades pela não conformidade legal e amplia a legitimidade gerencial com consequências positivas perante governos, líderes comunitários, agentes financeiros, formadores de opinião e outras partes interessadas.
Para as empresas que atuam no comércio internacional, esses sistemas reduzem as vulnerabilidades diante de barreiras técnicas e, portanto, são elementos facilitadores desse comércio.
* Jorge Emanuel Reis Cajazeira é diretor de Relações Institucionais e Certificações da Suzano Papel e Celulose e presidente mundial da ISO 26000 – Responsabilidade Social; José Carlos Barbieri é professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Ética, Socioambiental e de Saúde da FGV-Eaesp.
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Notas
1 BARBIERI, José Carlos; CAJAZEIRA, Jorge Emanuel Reis. Responsabilidade Social, Empresarial e Empresa Sustentável: da Teoria à Prática. 2. ed. São Paulo, Editora Saraiva, 2013.
2 INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). Guia ISO 83 – High Level Structure and Identical Text for Management System Standards and Common Core Management System Terms and Definitions. Genebra: ISO, 2011.
3 INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). Guide 72: Guideline for Justification and Development of Management System Standards. Genebra: ISO Press, 2001.
4 BRITISH STANDARDS INSTITUTION (BSI). PAS 99:2006 – Specification of Common Management System Requirements As a Framework for Integration. Londres: BSI, 2006.
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Este texto faz parte de uma série de artigos de especialistas promovida pela área de Gestão Sustentável do Instituto Ethos, cujo objetivo é subsidiar e estimular as boas práticas de gestão.
Veja também:

- A promoção da igualdade racial pelas empresas, de Reinaldo Bulgarelli;

- Relacionamento com partes interessadas, de Regi Magalhães;

- Usar o poder dos negócios para resolver problemas socioambientais, de Ricardo Abramovay;

- As empresas e o combate à corrupção, de Henrique Lian;

- Incorporação dos princípios da responsabilidade social, de Vivian Smith;

- O princípio da transparência no contexto da governança corporativa, de Lélio Lauretti;

- Empresas e comunidades rumo ao futuro, de Cláudio Boechat;

- O capital natural, de Roberto Strumpf;

- Luzes da ribalta: a lenta evolução para a transparência financeira, de Ladislau Dowbor;

- Painel de stakeholders: uma abordagem de engajamento versátil e estruturada, de Antônio Carlos Carneiro de Albuquerque e Cyrille Bellier;

- Como nasce a ética?, de Leonardo Boff;

- As empresas e o desafio do combate ao trabalho escravo, de Juliana Gomes Ramalho Monteiro e Mariana de Castro Abreu;

- Equidade de gênero nas empresas: por uma economia mais inteligente e por direito, de Camila Morsch;

- PL n° 6.826/10 pode alterar cenário de combate à corrupção no Brasil, de Bruno Maeda e Carlos Ayres;

- Engajamento: o caminho para relações do trabalho sustentáveis, de Marcelo Lomelino; e

- Sustentabilidade na cadeia de valor, de Cristina Fedato.

CLIPPING DE 28/05/2013

Arte com tampinhas:
Arte com Tampinhas 4
Alfredo Borret, artista plástico Carioca, que realiza arte com tampas de garrafas de cerveja e refrigerante (tampinhas de metal). Desde 2007 usa sua habilidade para dar vida nova ao lixo gerado pelo consumo de bebidas, jogado nos chãos e nas ruas da cidade. Borret começou fazendo ímãs de geladeira com imagens dos cartões postais e times de futebol do Rio. Os artesanatos eram distribuídos gratuitamente aos turistas que visitavam a Cidade Maravilhosa. Em 2011 foi premiado pelo jornal o globo no concurso aniversário do Rio, com as conhecidas Ecotampas (artesanatos feitos com tampinhas). Em 2012, Alfredo inova mais uma vez, transformando as tampinhas em telas de arte.
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Técnica inédita feita com o “lixo”. Com muita irreverência reproduzir paisagens cariocas e obras de arte de grandes mestres no reduzido espaço das tampinhas de garrafas. São lindos quadros que levam de 10 à 15 dias para ficarem prontos e em média são recicladas 702 tampinhas por quadro. As obras são feitas por encomendas e decoram ambientes como o gabinete do Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
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CLIPPING DE 27/05/2013

Sustentabilidade na cadeia de valor:
A empresa precisa estabelecer um conjunto coerente e integrado de práticas que garantam uma boa interface de sua gestão com sua cadeia produtiva.
Por Cristina Fedato*
São diversos os mecanismos que induzem uma empresa a incorporar, em maior ou menor grau, atributos de sustentabilidade em sua estratégia. Conforme esta evolui e amadurece, a empresa assume compromissos para uma atuação responsável e não conseguirá cumpri-los se não contar com a cooperação de seus públicos estratégicos de negócio. Fornecedores, clientes e parceiros de negócios são stakeholders críticos para o sucesso da maioria das empresas.
O tema da sustentabilidade na cadeia de valor tem sido, portanto, cada vez mais disseminado como forma de aprimorar a atuação sustentável das empresas e promover relações comerciais mais justas, competitivas e duradouras em suas cadeias produtivas. Além disso, é na interface com parceiros de negócios que reside uma gama de oportunidades de negócios em sustentabilidade e inovação.
A gestão da sustentabilidade na cadeia de valor se dá quando a empresa passa a fazer a gestão estratégica dos impactos sociais e ambientais de matérias-primas e serviços, desde os fornecedores, subfornecedores e prestadores de serviços até o cliente final e etapas pós-consumo. Quando o assunto é sustentabilidade na cadeia, geralmente estamos nos referindo à gestão da cadeia de fornecedores, porque este é o elo da cadeia no qual costuma haver maior influência e responsabilidade. Porém, deve-se olhar para a cadeia estendida, de ponta a ponta, visando o desenvolvimento de estratégias baseadas numa visão integral do ciclo de vida de seus produtos e serviços.
Dependendo do setor de atividade da empresa, a cadeia terá características próprias. Avaliando-se os setores têxtil, financeiro, farmacêutico, de construção civil e químico, por exemplo, encontram-se cadeias muito distintas do ponto de vista de configuração de empresas, porte, dispersão geográfica e riscos e oportunidades no relacionamento entre parceiros. O mapeamento de riscos e oportunidades, bem como a análise das relações de poder e de qual é a posição ocupada pela empresa estudada, são fundamentais para o desenvolvimento de uma estratégia de sustentabilidade nas cadeias das quais ela faz parte.
Trabalhar a sustentabilidade na cadeia de valor pode ser uma forma de gestão de risco e de atender a demandas de autorregulação, mas pode conduzir à criação de vínculos e alianças estratégicas com parceiros de negócios e ao desenvolvimento conjunto de inovações em processos e produtos com foco em sustentabilidade.
Quando se fala em gestão de risco, é possível trabalhar nas áreas de suprimentos a incorporação de critérios de sustentabilidade nos processos de gestão de fornecedores, tais como credenciamento, monitoramento, homologação, avaliação. Alguns temas que frequentemente surgem como relevantes para serem monitorados nas cadeias são relativos a condições de saúde e segurança no trabalho, grau de dependência do fornecedor em relação à empresa cliente, cumprimento da legislação por parte do fornecedor e combate ao trabalho infantil ou análogo ao escravo. Ou seja, o fornecedor deve ser avaliado quanto à sua gestão, e não apenas do ponto de vista do produto oferecido ou do serviço prestado. E, a partir dessa avaliação, pode-se criar programas de desenvolvimento de boas práticas de gestão nos fornecedores.
A gestão sustentável da cadeia se dá por meio da incorporação de atributos de sustentabilidade nas estratégias, práticas e procedimentos de gestão da cadeia produtiva. Não basta a empresa criar e impor requisitos de sustentabilidade para que eles sejam cumpridos por seus fornecedores; é preciso que a empresa estabeleça um conjunto coerente e integrado de práticas que garantam uma boa interface de sua gestão com a cadeia. Nesse sentido, o uso dos Indicadores Ethos na cadeia de valor apresenta alguns pontos importantes para que a empresa aprimore tal interface e avance na construção de relacionamentos estáveis com seus parceiros de negócios.
Junto aos processos de gestão de risco, a empresa deve ser estimulada a criar um plano de relacionamento com fornecedores, distribuidores e clientes, de modo a olhar para sua cadeia do ponto de vista da oportunidade e enxergar nos desafios da sustentabilidade as oportunidades de parcerias para inovação e criação de novos produtos e serviços.
* A consultora e docente Cristina Fedato é especialista em sustentabilidade e responsabilidade social.
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Este texto faz parte de uma série de artigos de especialistas promovida pela área de Gestão Sustentável do Instituto Ethos, cujo objetivo é subsidiar e estimular as boas práticas de gestão.
Veja também:

- A promoção da igualdade racial pelas empresas, de Reinaldo Bulgarelli;

- Relacionamento com partes interessadas, de Regi Magalhães;

- Usar o poder dos negócios para resolver problemas socioambientais, de Ricardo Abramovay;

- As empresas e o combate à corrupção, de Henrique Lian;

- Incorporação dos princípios da responsabilidade social, de Vivian Smith;

- O princípio da transparência no contexto da governança corporativa, de Lélio Lauretti;

- Empresas e comunidades rumo ao futuro, de Cláudio Boechat;

- O capital natural, de Roberto Strumpf;

- Luzes da ribalta: a lenta evolução para a transparência financeira, de Ladislau Dowbor;

- Painel de stakeholders: uma abordagem de engajamento versátil e estruturada, de Antônio Carlos Carneiro de Albuquerque e Cyrille Bellier;

- Como nasce a ética?, de Leonardo Boff;

- As empresas e o desafio do combate ao trabalho escravo, de Juliana Gomes Ramalho Monteiro e Mariana de Castro Abreu;

- Equidade de gênero nas empresas: por uma economia mais inteligente e por direito, de Camila Morsch;

- PL n° 6.826/10 pode alterar cenário de combate à corrupção no Brasil, de Bruno Maeda e Carlos Ayres; e

- Engajamento: o caminho para relações do trabalho sustentáveis, de Marcelo Lomelino.
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CLIPPING DE 26/05/2013

Empresas, ONGs e cidadãos já podem inscrever seus projetos e concorrer ao Selo Empresa Cidadã 2013:
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uberlândia iniciou às inscrições para que as empresas e entidades do terceiro setor possam concorrer ao selo de reconhecimento sustentável, confiado pelo Projeto Empresa Cidadã. Na composição do Selo Empresa Cidadã 2013 estão três categorias. As empresas concorrem ao selo “Empresa Cidadã”; as entidades do terceiro setor ao selo “Excelência Cidadã” e pessoas físicas com ao título “Cidadão Benemérito”. As inscrições vão até o dia 15 de julho.
Para concorrer ao Selo, empresas, ONGs e cidadãos que desenvolvem ações de responsabilidade social e tiverem interesse de participar podem preencher a ficha de inscrição e o roteiro de avaliação do projeto, disponíveis na CDL. A inscrição é gratuita e a   entrega da ficha e do roteiro deverá ser feita em quatro vias, sendo duas impressas e duas em mídia eletrônica (CD, DVD ou pendrive). Poderão ser anexados peças de divulgação, fotografias, documentos importantes, clippings de notícias, diplomas, DVDs e outros materiais que reforcem o valor de sua atuação e comprovem o projeto. O período de avaliação pela comissão julgadora acontece de 1º de agosto a 1º de outubro. Os vencedores receberão a premiação no dia 29 de outubro. Os projetos classificados são contemplados com o direito de utilização do Selo Empresa Cidadã, Excelência Cidadã em divulgações e materiais publicitários, entre outros, pelo período de 2 anos.
Pré-requisitos
Para concorrer aos Selos empresas e instituições do 3º setor devem estar em conformidade com a legislação vigente. Não se pode empregar mão de obra infantil, nem comprar produtos ou serviços de empresas que o façam. Outra exigência é que a empresa ou instituição precisa estar desenvolvendo o projeto há pelo menos um ano. Durante o processo de seleção será levado em conta o objetivo do projeto, tendo como indicador a relevância social e a prioridade para a comunidade.    Estratégias de originalidade da iniciativa e potencial de evolução do projeto, bem como execução e resultados benéficos para a comunidade também serão avaliados. Para a classificação das dos projetos concorrentes ainda serão levados em conta a defesa dos direitos humanos e sociais, do trabalho, da vida e da cidadania.
O Projeto Empresa Cidadã visa fomentar ações e projetos sociais, com o intuito de incentivar e capacitar às empresas para que elas possam solucionar problemáticas sociais no município de Uberlândia e contribuir para um mundo mais sustentável.
Além de estimular a inserção dos temas de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e Investimento Social Privado (ISP) na gestão das empresas; o projeto tem como objetivos buscar alianças e parcerias com empresas e entidades, criar uma rede, articulando as ações de RSE desenvolvidas no município, através de ferramentas de comunicação e eventos; apoiar a estrutura de programas e projetos de RSE e realizar a premiação dos Selos Empresa, Excelência Cidadã e Cidadão Benemérito.
Mais informações pelo site www.cdludi.org.br/empresacidada ou pelo telefone (34) 3239-3415.
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